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2006-04-26

Último Soneto - Mário de Sá-Carneiro

Que rosas fugitivas foste ali!
Requeriam-te os tapetes, e vieste...
- Se me dói hoje o bem que me fizeste,
É justo, porque muito te devi.

Em que seda de afagos me envolvi
Quando entraste, nas tardes que apareceste!
Como fui de percal quando me deste
Tua boca a beijar, que remordi...

Pensei que fosse o meu o teu cansaço ---
Que seria entre nós um longo abraço
O tédio que, tão esbelta, te curvava...

E fugiste... Que importa? Se deixaste
A lembrança violeta que animaste,
Onde a minha saudade a Cor se trava?...

Mário de Sá-Carneiro (n. Lisboa a 19 Mai 1890, m. em Paris (suicidio) a 26 Abr 1916)

Ler do mesmo autor: Quase ; Dispersão; I lost myself within myself... (tradução parcial do poema Dispersão)

1 comentário:

Anónimo disse...

Bueno

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Paz!

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