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2006-04-11

Carta de amor

(1)*******, 13H 30 do dia 19º. do mês mais pequeno do ano 19 antes de 2000

Minha Bébé Nininha:

Estou a escrever-te nesta folha de papel formato A4 em miniatura, porque não tenho nada que fazer e principalmente porque queria falar contigo, mas a verdade é que o assento do lado direito do meu R5 yellow está desocupado. Não tão desocupado como pensaste, em virtude de estar um monte de papéis desalinhados, com muitas coisas escritas mas que nada dizem. Esqueci-me de trazer a minha aparelhagem estereofónica a pilhas (2) e por isso todos os meus pensamentos se dirigem para a Rua da (1)***** ( não me esqueci do Código Postal, eh! - Códigos é só comigo) para o lugar onde tu estás neste momento, mas claro quase exclusivamente para ti porque o lugar (****, Porto, China, Sibéria ou fim do mundo) é indiferente.

Recomeçou a chover neste momento e os vidros do carro passaram a ficar salpicados de gotinhas de H2O que pelos vistos é tão importante que a sua falta até faz com que o primeiro ministro vá para a cama mais cedo em virtude de não haver TV a partir das XXIII o'clock. Aproxima-se, entretanto a hora de entrar no escritório (que por acaso não é o meu - nunca é o meu) e por isso vou terminar

Ah! Esquecia-me de dizer-te o que me levou a escrever-te : Amo-te. Amo-te muito. Um beijo. Até logo. Nininho.

(1) Localidades e morada intencionalmente omitidas
(2) O autor pretende-se referir a um pequeno rádio transistor

Percebem agora melhor a razão de Álvaro de Campos ao dizer que Todas as cartas de amor são ridículas...

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