Não choreis nunca os mortos, esquecidos
na funda escuridão das sepulturas.
Deixai crescer, à solta, as ervas duras
sobre os seus corpos vãos adormecidos.
E quando, à tarde, o Sol, entre brasidos,
agonizar... guardai, longe as doçuras
das vossas orações, calmas e puras,
para os que vivem, mudos e vencidos.
Lembrai-vos dos aflitos, dos cativos,
da multidão sem fim dos que são vivos,
dos tristes que nãop podem esquecer.
E, ao meditar, então, na paz da Morte,
vereis, talvez, como é suave a sorte
daqueles que deixaram de sofrer.
Pedro da Cunha Pimentel Homem de Mello (n. em Oliveira de Azeméis, a 24 Ago 1905; m. no Porto, em 5 Março de 1984)
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