Há muito tempo já que eu vou perdendo
os sonhos, um a um, pelo caminho:
- Sangue dum anho ingénuo, cor d'arminho,
de calvário em calvário perecendo.
No alto dum monte, a luz que eu ia vendo,
diante de mim cantando como um ninho,
fria beijou-me o rubro desalinho,
e atrás de mim no escuro foi descendo.
Hoje os olhos se voltam como preces
para as memórias, em que há luas mortas,
e tu, morta, que morta não pareces!
Sobre esta alma de dúvida e agonias
caia a luz desses olhos, dessas portas
onde esperam o sol as almas frias.
José Maria Tristão Leitão da Cunha (n. Rio de Janeiro a 13 Mar 1878; m. 1942)
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