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2006-02-22

VENDO A MORTE : - Manuel Laranjeira

Em tudo vejo a morte! e, assim, ao ver
que a vida já vem morta cruelmente
logo ao surgir, começo a compreender
como a vida se vive inutilmente...

Debalde (como um náufrago que sente,
vendo a morte, mais fúria de viver)
estendo os olhos mais avidamente
e as mãos prà vida... e ponho-me a morrer.

A morte! sempre a morte! em tudo a vejo
tudo ma lembra! e invade-me o desejo
de viver toda a vida que perdi...

E não me assusta a morte! Só me assusta
ter tido tanta fé na vida injusta
... e não saber sequer pra que a vivi!

Manuel Fernandes Laranjeira (n . São Martinho de Moselos, concelho de Vila da Feira, a 7 Nov 1876, m. Espinho (suicídio) a 22 Fev 1912)

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