Embora os meus olhos sejam
os mais pequenos do mundo
o que importa é que eles vejam
o que os homens são no fundo
Que importa perder a vida
na luta contra a traição
se a razão mesmo vencida
não deixa de ser razão
Vós que lá do vosso império
prometeis um mundo novo
calai-vos que pode o povo
querer um mundo novo a sério
Eu não tenho vistas largas
nem grande sabedoria
mas dão-me as horas amargas
lições de filosofia
Autor: António Aleixo
As quadras acima são a letra de um tema musical interpretado e musicado por Francisco Fanhais.
Outras quadras do mesmo autor:
Alheio ao significado,
Diz o povo, e com razão,
Quando ouve um grande aldrabão:
- Dava um bom advogado.
Há tantos burros mandando
Em homens de inteligência,
Que às vezes fico pensando
Que a burrice é uma ciência!
Foste beijar o menino,
Quando, afinal eu vi bem
Que beijaste o pequenino
Porque gostavas da mãe.
Sem que o discurso eu pedisse,
Ele falou; e eu escutei,
Gostei do que ele não disse;
Do que disse não gostei.
Para não fazeres ofensas
E teres dias felizes,
Não digas tudo o que pensas,
Mas pensa tudo o que dizes.
Sei que pareço um ladrão...
Mas há muitos que eu conheço
Que não parecendo o que são,
São aquilo que eu pareço.
António Aleixo (n. em Vila Real de Santo António em 18 Fev. 1899; m. em Loulé em 16 Nov. 1949).
2 comentários:
Simplesmente fantástico, amigo!
Que perfeiçao nas rimas e no conteúdo!
Adorei!
Beijos muitos!
Verdades inelutáveis ditas de forma simples mas erudita
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