Como esses bois que andam puxando às noras,
em passo melancólico e ronceiro,
sem alterar a marcha do ponteiro,
o meu relógio vai marcando as horas
Quer no céu brilhem rútilas auroras
ou caia e morra o sol no mar fragueiro,
o tempo segue o curso rotineiro,
sem paragens, sem pressas ou demoras.
Somente quando o nosso olhar enxuto
tem clarões de ventura fugidia,
cada hora é mais curta que um minuto...
Mas, nas horas de dor ou desengano,
cada minuto dura mais que um dia
e cada dia dura mais que um ano!
D. Alberto Allen Pereira de Sequeira Bramão (n. Almada, Nov. 1865; m. Lisboa, 14 Nov 1944)
in A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa- 2004 Edição Unicepe-Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, CRL.
1 comentário:
Um belo soneto de um autor que desconhecia. Gostei do blog. Vou passar a visitá-lo com regularidade. Jorge Soares
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