Cigarra! Eu sou feliz quando imagino
sermos os dois irmãos no mesmo fado:
canto as minhas canções desde menino...
Quem canta fica menos desgraçado.
De almas unidas e de braço dado,
Vamos de desatino em desatino...
Somos pobres os dois, mas o Destino
deu-nos astros no céu e ouro no prado.
Cantas para dar vida à natureza.
Eu canto para ver se a alma se esquece
dessa ronda noturna de tristeza.
Somos iguais no sonho que enobrece:
nosso eterno motivo de Beleza
é dar felicidade a quem merece.
Últimas Cigarras
Olegário Mariano Carneiro da Cunha (n. no Recife em 24 Mar 1889, m. Rio de Janeiro, em 28 Nov. 1958)
in Antologia Portuguesa e Brasileira - Evaristo Pontes dos Santos, 1974
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