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2005-10-19

Soneto de Fidelidade - Vinicius de Moraes

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Estoril, outubro 1939
In Antologia Poética

Vinicius de Moraes (n. Rio de Janeiro, 19 Out 1913; m. Rio de Janeiro, 9 Jul 1980)

Ler do mesmo autor:
Soneto de Separação
Pela luz dos olhos teus
Aquarela
Amigos

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