Não amas, e não podes
Ler o livro da vida.
Sem amor nenhuns olhos são videntes.
A tarde triste é o sol que não consentes
Ao coração.
Mundo de solidão,
O que atravessas,
É um deserto habitado
Onde tropeças
Na sombra do teu eu desencantado
Coimbra, 20 de Outubro de 1976
in Diário XII - 1977
Miguel Torga-Poesia Completa - Edições D. Quixote
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