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2014-10-28

Grito de Alma - Ruy de Noronha

Vem de séculos, alma, essa orgulhosa casta,
Repudiando a dor, tripudiando a lei.
Num gesto de altivez que em onda leva arrasta
Inteiras gerações de amaldiçoada grei.

Ir procurar, amor, nessa altivez madrasta,
Um gesto de carinho ou de brandura, eu sei?
Ao tigre dos juncais, duma crueza vasta,
Quem há que roube a presa? Aponta-me e eu irei!

Cruel destino o meu, que ao meu caminho trouxe
Na fulgurante luz do teu olhar tão doce
À mágoa minha eterna, a minha eterna dor.

Vai. Segue o teu destino. A onda quere-te e passa.
Vai com ela cantar o orgulho da tua raça
Que eu ficarei cantando o nosso eterno amor...


António Ruy de Noronha (n. Lourenço Marques, actual Maputo, Moçambique a 28 Out 1909; m. Moçambique 25 Dez 1943).

Ler, neste blog, do mesmo autor:
Por Amar-te Tanto
Mulher

1 comentário:

Mar Arável disse...

Há sempre uma Luz

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