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2014-09-18

Poema X de Brasões [Fim de tarde serena e violentada] - Bernardino Lopes

Fim de tarde serena e violetada ...
No céu — duas estrelas, e arrepios
Na safira do mar, toda coalhada
De emaranhados mastros de navios.

Longe, entre névoas, traços fugidios
De uma cidade branca derramada
— Casas, torreões e coruchéus esguios,
Por toda a clara fita da enseada.

Aqui bem peno, aqui, na argêntea praia,
Contra um rochedo nu, calcáreo e rudo,
Do poente a frouxa claridade estampa,

Balançando-se n’água, uma catraia;
E, agasalhados no gibão felpudo,
Pescadores que vão subindo a rampa...


in Brasões (1895)

Bernardino da Costa Lopes (n. em Boa Esperança, Rio Bonito, Rio de Janeiro, a 19 de Jan. de 1859; m. em 18 de Set. 1916, no Rio de Janeiro).

Ler do mesmo autor, neste blog:
Namorados
Velho Muro
Berço
Cromo
Paraíso Perdido

1 comentário:

Mar Arável disse...

Há pedras

que se não vergam

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