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2012-03-03

Anjo Caído - Bulhão Pato

Na flor da vida, formosa,
ingênua, casta, inocente,
eras tu no mundo, rosa!
Quem te arrojou de repente
para o abismo fatal?
Viste um dia o sol de abril;
o teu seio virginal
sorriu alegre e gentil.

Ergueu-se aos clarões suaves
d'aquela doce alvorada
a tua face encantada.
Amaste o doce gorjeio
que desprendiam as aves,
e no teu cândido seio
quanto amor, quanta ilusão
alegre pulava então.

Mal haja o fatal destino,
maldita a sinistra mão,
que em teu cálix purpurino
derramou fera e brutal
esse veneno fatal.

Hoje és bela; mas teu rosto
que outrora alegre sorria,
é todo melancolia!
Hoje nem sol, nem estrela,
para ti brilha no céu;
mal haja quem te perdeu!

Raimundo António de Bulhão Pato (Bilbau, 3 de Março de 1828 — Monte da Caparica, 24 de Agosto de 1912)

1 comentário:

Amélia disse...

Desculpe, amigo, mas do que gosto é das amêijoas à Bulhão Pato...Um abraço e bom fim de semana!

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