Que qualidades, indago,
pode-se ter
para estar por aqui?
As das roupas bem passadas
das aparências limpas
dos colarinhos engomados
e dos lenços colocados simetricamente
no bolso esquerdo?
Como se faz para ter importância
alguma importância
na vida?
Parece-me
que são raras as consciências
desta percepção do efêmero.
Quem sabe enumerar
os requisitos essenciais
para sobreviver na floresta?
Poucos têm um cantil de água
e guardaram
miolos de pão fresco
para fazer
o caminho destrutível
e sabem decifrar as vozes
das folhas e dos troncos mortos
que os aterrorizaram a infância
nos caminhos de areia
em torno do cemitério.
Álvaro dos Santos Pacheco (Jaicós, Piauí, 26 de novembro de 1933)
1 comentário:
Querido amigo; tenho sentido sua falta por lá. Deus permita que esteja tudo bem.
Um poema que refleta a realidade e perguntas que também me faria, quando muitas coisas estão fora do lugar.
Bom fim de semana! Beijos
Enviar um comentário