Abri meus olhos ao raiar da aurora
e parti. Veio o sol, e então, segui-a,
a sombra, que eu julgava guiadora,
a minha própria sombra fugidia.
E foi subindo o sol; Ao meio dia,
Escondeu-se-me aos pés a sombra; agora
se volvo o olhar onde passei outrora,
vejo-a seguir-me, a sombra que eu seguia.
A gente é o sol de um dia; sobe, avança,
passa o zénite e vai na imensidade
apagar-se do mar, onde se lança.
E a vida é a própria sombra; meia idade,
somos nós que a seguimos, e é a Esperança;
depois segue-nos ela: é a Saudade.
Fernando Afonso Geraldes Caldeira (n. em Águeda a 7 Nov. 1841; m. em Lisboa a 2 de Abril 1894)
in A Circulatura do Quadrado, Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa - Edições Unicepe 2004)
1 comentário:
Quando éramos criança, eu e meus irmãos, costumávamos brincar com as sombras; quem conseguia pisar nelas? Mais tarde, eu bobinha, vim saber que era apenas um truque da minha irmã mais velha, querendo que andássemos mais depressa.
Esse poema me fez lembrar destes momentos! (rs*)
Fernando, vim lhe fazer um convite!
Amanhã, dia 08 de Novembro, acontecerá a 3ª Edição do BookCrossing Blogueiro e nessa postagem faço a chamada. Gostaria de contar com a sua presença e/ou divulgação. O pontapé do BB é amanhã, mas poderá participar quando quiser!
No blogue explico porque a chamada ficou para a última hora.
Boa semana!
Beijus,
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