Só a leve esperança, em toda a vida,
disfarça a pena de viver, mais nada:
mem é mais a existência, resumida,
que uma grande esperança malograda.
O eterno sonho da alma desterrada,
sonho que a traz ansiosa e embevecida,
é uma hora feliz, sempre adiada
e que não chega nunca em toda a vida.
Essa felicidade que supomos,
árvore milagrosa, que sonhamos
toda arreada de dourados pomos,
existe, sim: mas nós não a alcançamos
porque está sempre apenas onde a pomos
e nunca a pomos onde nós estamos.
in Poemas e Canções
Vicente Augusto de Carvalho (Santos, São Paulo, 5 de abril de 1866 — Santos, 22 de abril de 1924) Ler do mesmo autor, neste blog: Velho Tema II A Flor e a Fonte Saudade
1 comentário:
Querido Fernando; um soneto belo e verdadeiro. Assim nós somos; sempre colocamos a felicidade nas mãos de alguém, quando ela depende apenas de nossas escolhar.
Boa semana!Beijos
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