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O lenço com que me acena
Tudo o que está para trás,
É coisa já tão pequena
Que me faz chorar a pena
E rir de espanto me faz.
Vejo-o ao longe, a se perder,
A se apagar, a sumir,
Mas não sei, a bem-dizer,
Se ele é que vai a morrer,
Se eu é que vou a fugir.
E o lenço, com que a distância
Me diz adeus lá do seio
Do mar, rasga abismos de ânsia
Entre mim e a minha infância,
Sem deixar nada no meio.
in Cem Poemas Portugueses sobre a Infância, selecção, organização e introdução de José Fanha e José Jorge Letria, Terramar
João Cabral do Nascimento (n. no Funchal, ilha da Madeira em 22 de Março de 1897; m. em 2 de Março de 1978 em Lisboa)
Ler do mesmo autor, neste blog: Vão as Águas Nostálgicas do Rio; Brasil
1 comentário:
Lindo meu querido amigo! Um certo ar nostálgico, mas muito belo! Beijos
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