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2005-02-16

O horizonte é vermelho

Assim o espero. Vem este artigo a propósito da crónica de Miguel Sousa Tavares publicada n'A Bola de ontem com o referido título. O que é espantoso é o desplante com que este jornalista (aliás, autor de bom sucesso na literatura portuguesa) escreve e diz o que quer, sobre factos que são públicos, sem aparecer alguém sequer a contraditá-lo , quanto mais a apontar-lhe as suas próprias contradições. E basta ler atentamente uma (só) página de jornal para lhe identificar várias.

A primeira grande afirmação dele é que “em todas as 22 jornadas que a Superliga deste ano leva disputadas, o Benfica tem apenas uma eventual razão de queixa de um árbitro, e nem sequer se pode falar propriamente de um erro, mas de uma má visualização por parte do fiscal de linha: a célebre jogada contra o FC Porto, no jogo da Luz, em que a bola terá entrado por completo na baliza de Baía”.

Que dizer deste brilhante excerto de literatura jornalística? "Uma eventual razão de queixa – percebem esta subtileza? - e nem sequer se pode falar de um erro, mas de uma má visualização”. Cuidado! Má visualização é diferente de erro. Os erros contra o Porto, esses, de certeza, não resultaram de más visualizações, são de outra génese (só falta dizer que de génese premeditada). Esqueceu-se ainda de apontar pelo menos mais uma “má visualização” só nesse jogo, que foi o penalty não assinalado cometido pelo Seitaridis no início da 2ª. Parte. Esqueceu-se do erro ou terá sido "má visualização" o livre indirecto do Nacional, que marcado directamente, valeu golo? Acredito mais, que só veja os jogos do Benfica quando joga contra o Porto, para dizer que "todos os outros lances duvidosos ocorridos em jogos do Benfica, ao longo das restantes 21 jornadas, foram decididos a seu favor". Espectáculo ! Só contra o Porto é que não! Não acham curioso?

Caso os caros leitores estejam confusos com a distinção entre “erros” e “más visualizações” eu transmito uma ajuda retirada da opinião como esse jornalista interpreta as situações. É fácil, segundo esse jornalista:

a)Lances que penalizam o Benfica ou outro adversário do Porto = má vizualização
b)Lances que penalizam o Porto = erro (e provavelmente intencional proveniente do sistema).
Penalisante para todos os portistas que já escreveram "enciclopédias" a justificarem que a bola não tinha entrado é o Sr. Miguel Tavares admitir que a bola terá entrado por completo, na baliza de Baía (e esta hem?).

Outra brilhante conclusão desse senhor é que o Benfica e o Boavista dominam de facto o sistema. Criteriosa selecção dos alvos imediatos a abater. O Boavista é claro, vizinho pobre da cidade do Porto, mas que tem os mesmos pontos e que até já foi ganhar a casa do Porto. O outro é apenas o próximo adversário do Porto a jogar em casa deste e convém preparar convenientemente o terreno. Lembram-se como foi preparado extra-desportivamente o jogo da 1ª volta e no que aquilo deu? Pois, resultado pelo menos idêntico é o que deseja que aconteça agora. Mais uma má visualização dará jeito como aquelas que sucessivamente vão ocorrendo nos jogos entre os dois contendores.

Depois vira-se para o Conselho de Disciplina, esquecendo-se que ao falar nesses casos, acaba por demonstrar “outras má visualizações” de que o seu clube beneficiou. Esquece esse senhor que excepto o caso do McCharty no jogo com o Boavista, todas as outras recorrentes cotoveladas não foram punidas durante os jogos com as expulsões que se justificavam. Então aquele belo episódio de cultura desportiva e de fair-play que aconteceu no jogo com a União de Leiria é merecedor de presença no Guiness : cotovelada do Luís Fabiano, seguida de empurrão do Luís Fabiano e depois cuspidela do Pepe … é revelador da enorme superioridade da cultura futebolística do clube do Sr. Tavares . Pois foi também o Sr. Tavares (este já é o outro) que teve a "má visualização" , de perante toda esta sequência e após ter conferenciado com o seu chefe de equipa ter originado como sanção disciplinar, imagine-se, a amostragem do cartão amarelo. São "más vizualizações" em demasia. Sabem que esse Sr. Tavares também foi o mesmo do jogo da Luz?

Só que como os jogos dão na televisão e as cotoveladas nem sequer são disfarçadas causa muita estranheza ao Sr. Tavares (ao Miguel) que o Conselho de Disciplina tenha coragem (Sim é preciso ter coragem de "castigar" jogadores do Clube Campeão Europeu e medalhados pelo Governo) de levantar processos.

Mas continuemos… a discorrer pela “ literatura” do Sr. Tavares (este já o primeiro: o jornalista), para lhe confidenciar que estou de acordo com as duas últimas linhas de raciocínio do seu artigo:

A primeira de que na triste versão do Porto pós Mourinho só há dois jogadores que o Benfica tem razão para temer para o jogo do Dragão: o McCarthy e o Quaresma. Neste ponto, concordo em absoluto, mas gostaria de acrescentar que o Benfica terá motivos dobrados para temer o primeiro. É que para além do homem ser “bom de bola” parece que ainda é melhor no “ kickboxing” . E se um golo é um golo, duas ou três cotoveladas, podem ser nariz partido, olho negro, dentes partidos, etc, o que efectivamente é de temer.

A segunda é de que o Sr. Miguel Tavares deve estar é mais preocupado pelo modo como o Porto já vai no 3º. treinador da época e contratou e vendeu uma “camioneta” de jogadores (com a agravante de que os que contratou em comparação com os que vendeu é qualquer coisa como comparar “água-pé” com “Quinta do Cotto-Grande Escolha”.
Depois de dizer que o Benfica é beneficiado pela arbitragem, que o sistema é o Benfica e o Boavista, que o Conselho de Disciplina prejudica o FC Porto, afinal o Porto joga mal e esse é que é o motivo por que não comanda destacadamente a Superliga?

Escusava era de terminar com mais um “ tiro no pé” ao elogiar o Nuno Assis. Afinal, o Benfica faz boas contratações!

3 comentários:

Nothingandall disse...

Este "post" foi (re)publicado no blog sic-diaseguinte no dia 16.02.2005 pelas 06:38 pm

Anónimo disse...

E que tal uma parceria entre o teu e o meu blog? Responde

Anónimo disse...

Esqueceu-se de referir um facto de extrema importância do artigo desse dia de MSTavares. Tambem eu o li, e verifiquei que para um escritor MST dá nesta sua crónica 2 (dois!!!)enormes tiros no pé e na gramática. Escreve ele, e se procurarem atentamente verão, a palavra "conhece" com cedilha ou seja "conheçe". Para quem não saiba a letra "c" antes de vogal "e" ou "i" não leva cedilha. Grave! Erro nº2, escreve-se Catorze e não quatorze...Francamente! Se a mamã fosse viva...

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